Há muito se diz que quem encontrou um amigo encontrou um tesouro precioso.
Há muito se diz que amizade verdadeira dura pra sempre. Não tem
aquelas tempestades da paixão e nem a calmaria exagerada do
descompromisso. É o meio termo. É a bonita sensação do estar perto e, de
repente, deixar o silêncio chegar. Não exige tanto. Exige tudo.
As amizades nascem do acaso… ou de alguma força que faz com que uma
simples brincadeira, uma informação, um caderno emprestado, uma dor seja
capaz de unir duas pessoas. E a cumplicidade vai ganhando corpo, e o
desejo de estar junto vai aumentando, e, com ele, a sensação sempre boa
do poder partilhar, de se doar.
Há muito se diz que os amigos verdadeiros são aqueles que se fazem
presentes nos momentos mais difíceis da vida. Naqueles momentos em que a
dor parece querer superar o desejo de viver. De fato, os amigos são
necessários nesses momentos. Mas, talvez, a amizade maior seja aquela em
que o amigo seja capaz de estar ao lado do outro nos momentos de
glória, e vibrar com essa glória. Não ter inveja. Não querer destruir o
troféu conquistado. Aplaudir e se fazer presente. Ser presente.
A amizade não obedece à ordem da proporcionalidade do merecimento.
Não há sentido em querer de volta tudo o que com generosidade se
distribuiu. A cobrança esmaga o espontâneo da amizade. E a surpresa
alimenta o desejo de estar junto. O amigo gosta de surpreender o outro
com pequenos gestos. Coisas aqui e ali que roubam um sorriso, um abraço,
um suspiro. E tudo puro, e tudo lindo.
Há muito se diz que não é possível viver sozinho. A jornada é penosa
e, sem amparo, é difícil caminhar. Juntos, os pássaros voam com mais
tranquilidade. Juntas, as gaivotas revezam a liderança para que nem uma
delas se canse demais. Juntos, é possível aos golfinhos comentarem a
beleza de um oceano infinito. Juntos, mulheres e homens partilham
momentos inesquecíveis de uma natureza que não se cansa de surpreender.